Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, (que investiga os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro) na manhã desta quinta-feira (17), Walter Delgatti, conhecido como “hacker da Vaza Jato”, usou do seu direito ao silêncio durante perguntas feita pela oposição.
Mais cedo, Walter afirmou que, em visita ao Palácio do Alvorada, conversou por quase 2 horas com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Delgatti disse que Bolsonaro pediu sua ajuda para “salvar” o Brasil e garantir a liberdade do povo e a lisura das eleições de 2022. Bolsonaro teria afirmado que, em 2018 teria obtido acesso a um inquérito da PF que mostraria que houve um acesso fraudulento ao chamado código-fonte das urnas.
O presidente, então, teria solicitado que Walter fosse até o Ministério da Defesa conversar com os técnicos. Dellgatti afirmou que teve 5 reuniões com técnicos da TI do Ministério da Defesa. Esta operação teria envolvido então o então ministro da Defesa, Paulo Sergio Nogueira. Ao ser questionado sobre uma possível garantia de proteção dada por Bolsonaro, Walter afirmou que: “A ideia era a de que eu recebesse um indulto do presidente”.
Em entrevista ao BandNews TV em 8 de agosto, a deputada Carla Zambelli havia dado outra versão e afirmado que ela e Walter Delgatti foram se encontrar pessoalmente com o ex-presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Alvorada. “O presidente só perguntou se a urna era vulnerável. Walter disse que sim.”
A deputada também disse que seu objetivo era conseguir “cadastrar” Walter Delgatti em uma equipe que poderia fazer testes de segurança na urna eletrônica, conforme resolução do TSE. O hacker então teria afirmado que só poderia fazer algo caso conseguisse o chamado “código fonte” da urna.
A idéia seria tentar entrar no sistema por meio de uma inteligência artificial, uma espécie de vírus, que se autodestruiria ao término das eleições, às 17h. A deputada ainda afirmou que, após as eleições, a equipe que administra suas redes sociais contratou Walter Delgatti para auxiliar em seus trabalhos pessoais.
Direito de ficar em silêncio
O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu que o hacker Walter Delgatti poderia ficar em silêncio no depoimento nesta quinta-feira (17). A decisão do ministro foi motivada por um habeas corpus preventivo protocolado no STF, pela defesa do hacker. Fachin também garantiu que Delgatti poderia ser assistido pela defesa durante o depoimento, e disse que o hacker não poderá sofrer constrangimentos físicos ou morais ao ficar em silêncio, diante das perguntas dos parlamentares.
Nessa última quarta (16), Delgatti prestou depoimento à polícia federal, em Brasília. Ele estava preso em Araraquara, no interior paulista, e foi transferido para Brasília pra ser ouvido sobre sua suposta participação nos ataques virtuais ao poder judiciário.
Resposta da defesa de Carla Zambelli
“A defesa da deputada Carla Zambelli novamente refuta e rechaça qualquer acusação de prática de condutas ilícitas e ou imorais pela parlamentar, inclusive, negando as aleivosias e teratologias mencionadas pelo senhor Walter Delgatti. Observa-se que citada pessoa, como divulgado em diversas reportagens usa e abusa de fantasias em suas palavras. Suas versões mudam com os
dias, suas distorções e invenções são recheadas de mentiras, bastando notar que a cada versão, ele modifica os fatos, o que é só mais um sintoma de que a sua palavra é totalmente despida de idoneidade e credibilidade. Ademais, esclareça-se que a defesa ainda não teve acesso aos autos da investigação e assim que possível, se manifestará de forma mais ampla, justamente para desmerecer publicamente os embustes criados”.
O ex-ministro e advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Fabio Wajngarten, afirmou que Walter Delgatti Neto mente em seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro: